O Ceará possui a quarta pior renda domiciliar do País. O dado, informa o deputado Heitor Férrer (PDT), foi divulgado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), o qual parabeniza, pois mesmo sendo um dado "vergonhoso", o Governo do Estado disponibiliza essas informações para que a sociedade tome conhecimento sobre a situação.
Apesar de ser uma das poucas vozes dentro do Parlamento cearense a fazer oposição ao atual Governo e a cobrar maior divulgação de dados, nesse ponto, Férrer diz reconhecer que o Executivo está sendo transparente, cumprindo um dos princípios constitucionais da administração pública brasileira.
Segundo o deputado, ao divulgar informações como essa, não interessante para o governante, analisa, o Ipece está dando a possibilidade de a sociedade se informar sobre a pobreza no Ceará e, a partir daí, ficar mais vigilante e cobrar mais soluções para reduzir os seus efeitos danosos.
Conforme informações do Ipece, destaca Férrer, no Ceará, 54% dos domicílios têm renda de até R$ 255,00 e mais da metade dos cearenses vivem na linha de pobreza e miséria. "O que o Ipece nos mostra é uma herança trágica da construção do Ceará. Hoje temos a obrigação de deixar uma herança menos ruim", para os cearenses do futuro, enfatiza.
De acordo com o pedetista, o diretor do Ipece, Flávio Ataliba, afirma ser a zona rural cearense a área onde se concentra os mais baixos níveis de rendimento, alertando que 27% da população sobrevive recebendo de R$ 1 a R$ 141 por mês. "Ai desse povo se não fosse o Bolsa Família", observa.
Férrer diz concordar com a ideia de que não existe receita de bolo para acabar com a pobreza e que cada sociedade deve ter um tratamento diferenciado. Mas, por outro lado, entende que a solução para esse problema está na educação que deve ser ofertada pelos municípios.
"Tenho dito sempre que o cidadão não mora no Brasil nem no Ceará, ele mora no Município. O Estado é mais uma figura abstrata. O real é onde nós colocamos nossos pés. A maior responsabilidade por esses dados (do Ipece) é do gestor municipal", argumenta.
Fiscalização
Mas para uma educação de qualidade, atenta Férrer, é preciso maior empenho das prefeituras e, consequentemente, uma maior fiscalização para que a corrupção não tire do cidadão o bom serviço público, lembrando dos últimos escândalos em prefeituras do Ceará.
"É justo que um cidadão nascido em Aiuaba, Icó, Jaguaretama e Juazeiro já esteja condenado ao fracasso em relação aos que estão em escola particular, porque a pública não tem qualidade?", questionou.
Férrer assegura que a Assembleia Legislativa tem a obrigação de fiscalizar os recursos estaduais transferidos para os 184 municípios do Ceará. No seu entendimento, quanto menos fiscalização maior os índices de corrupção, o que afeta diretamente na qualidade dos serviços ofertados à população. Ele quer mais atenção da comissão de Fiscalização e Controle aos convênios do Estado.
Diário do Nordeste.
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